quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Diário de Bordo



(Início da escrita: 05.09.2008; Fim da escrita: 12.11.2009)

“Não somos enviados a lugares, e, sim, a pessoas”

Creio que essa frase foi dita, em sua missa, por Pe. Robertinho quando do seu envio para a China. Àquela época – e ainda hoje – isso me martelava na cabeça. Acho esta conclusão de uma simplicidade e complexidade ímpar.

É que, embora estando fisicamente em um lugar, nos relacionamos principalmente com as pessoas que nele habitam. Ninguém é uma ilha. Nos precisamos mutuamente embora sequer reparemos. Precisamos trocar experiências; educar e ser educado pelo outro; aprender com as experiências alheias; criar referências, positivas ou negativas, a partir do contato com gente.

É muito difícil explicar porque vamos. Intuição? Vocação? Vontade? Talvez tudo isso... Indubitavelmente, algo de dentro te dá forças para romper o pavor de enfrentar o novo, encarando de frente o oceano de incertezas que aos poucos vai se descortinando aos nossos olhos.

Dá medo ! Oh, se dá...

Não se sabe por vai...Apenas vai, e deixa a marcado no coração lembranças e muita história...mormente de gente.

Ir para Coimbra e completar meus estudos em outro país era um desejo que pulsava em meu coraçãozinho já há tempos. Felizmente, realizei e estou realizando.

“As coisas em Coimbra são demasiadamente intensas”, já me disse uma grande amiga. É mais ou menos isso: estar junto é JUNTO mesmo; sentir falta, é FALTA mesmo; se estuda, é ESTUDAR mesmo; se se diverte, é DIVERTIR mesmo; se se apaixona, é APAIXONAR mesmo.

Enfim, pensar nessa intensidade nunca me agradou. Mas, muitas vezes cai nessa ilusão de “intensidade”. Mais do que a “vida-mágica” que essa experiência me mostra, prefiro pensar numa temporada menos “intensa” para mim. Uma temporada que me permita olhar simplesmente para essa aquarela de emoções porque passo e passei, e prosseguir o caminhar sem aquele saudosismo que me impede de olhar um novo mundo a cada dia e conquista.

Que seja um “saudosismo” bom; que fiquem apenas as “melhores lembranças”; mas, que fique a certeza de que há muito que se ver ainda, e, sobretudo, muitos a quem se deve conhecer !

Feliz de mim se conseguir isto...

Até Breve!



Ps.: fiz o post ao longo do período acima destacado...a idéia era retratar um pouco as diversidades de sentimentos no “inicio” e no “fim” ... entendo a aparente falta de coerência do texto do post como sendo parte de um caminho que foi projetado de uma forma, mas que, no decorrer do tempo, teve de se adaptar à sua realidade. E isto, para mim, está sendo a mais bela e tortuosa aprendizagem: “as coisas nem sempre serão como eu planejei..mas tenho que continuar o caminho consertando-o e dando-lhe coerência”.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Diário de Bordo















Escrevo este post durante a minha viagem de retorno da ilha de Myconos, na Grécia , onde estive por 2 dias com os meus pais. Mas, a minha vontade de escrever agora não é de escrever fatos e acontecimentos dessa viagem - isto fica para uma outra oportunidade menos virtual uma reuniãozinha para uma cerveja e muitas risadas.

Ver o mar é fantástico. Inexplicável sensação de bem estar tal como a que tinha a ver o pôr-do-sol a partir do Porto da Barra. Lembranças de casa que vão aos poucos crescendo e me lembrando que a hora do regresso se aproxima.

Depois do medo do “ir para Portugal” o que tinha mais medo era do “ voltar para o Brasil” após estar esse tempo todo fora. O que vou encontrar de novo? Como será daqui para frente? E agora, José ?

Olha, de uma coisa tenho certeza: nunca me senti longe de muita coisa do Brasil...
Recapitulo aqui um post que fiz logo no começo da viagem. Falava, eu, há época, da presença mesmo sem estar fisicamente juntos. Falo, eu, agora, da presença estando juntos: a convivência.

De certo modo, é essa “perda” de convivência que me aflinge e causa uma ansiedade. Quando vim do Brasil, a “perda” de convivência com meus amigos históricos, família, trabalho... um porto-seguro, resumindo. Quando voltar ao Brasil, será a “perda” de convivência com a universidade, professores, novos e grandes amigos, a vida calma de Coimbra, a vida agitada de Coimbra... um novo porto-seguro, resumindo.

Já havia percebido um pouco disso quando alguns amigos “de Coimbra” começaram a regressar às suas casas... o quanto a perda dessa convivência me fazia repensar os meus sentimentos em Portugal. Estranhamente, “perder” a convivência com aqueles outrora desconhecidos me causava uma grande falta.

Mas, creio que a vida tem um pouco disso: um eterno vai-e-vem; um eterno estabelecimento de “portos-seguros”; um eterno medo do desconhecido, que logo se transforma num apego ao conhecido...

É bem por ai que me sinto ao pensar que se aproxima a hora de voltar.

Mudando de assunto e sendo mais prático, antes de voltar, preciso iniciar a escrita da minha dissertação. Preciso escrever um post sobre o tema que pretendo desenvolver, mas desde já digo que é sobre Direito e Residuos Sólidos. Enfim, qualquer coisa que vocês virem sobre resíduos, lixo, discussões sobre aterros sanitários ou tratamento de resíduos, etc. me interessa. Podem mandar um e-mail para diogoacg@gmail.com.

Até a próxima !

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Diário de Bordo




Agora escuto “o grande circo místico”. Um musical de Chico e Edu Lobo; Uma pérola; Um conforto à alma. A certeza de que a música me impele a transcender, e me ajuda a abrir horizontes outrora encobertos por nuvens tão cinzentas quanto indecifráveis. Não tem explicação. O sentido não se restringe aqueles conhecidos.

Paladar, tato, olfato, visão, audição, já não são capazes me reportar um senso de satisfação e plenitude que às vezes tenho. Como a que tive outro dia ao ver um parque de tulipas numa recente visita Holanda; Como a que tive outro dia ao ouvir e cantar “Alegria” ao telefone com um amigo; Como a que tive outro dia quando bebi com amigos durante uma das maiores festa “Open Bar” que já fui (refiro-me ao Cortejo da “Queima das Fitas” de Coimbra); Como a que tive outro dia quando toquei violão sozinho numa noite “inspirada”; e Como a que tive outro dia quando percebi os cheiros das cidades por onde passei numa pequena “euro-trip”.

Não foram apenas os sentidos primários que ali estiveram presentes. Há um “quê” de místico em tudo aquilo. Sempre há. Existe, bem no fundo, uma transcendência que me empurra e orienta a enxergar mais e mais do que o simples e óbvio momento “visível”, “saboroso”, “cheiroso”, “texturizável”, “audível”. A par dessa contemplação sobrenatural, sinto às vezes necessidade de contemplar também a naturalidade dos eventos. E, assim, sentir os sentidos de forma plena. Sendo telúrico e transcendente, ao mesmo tempo.

Difícil isto ?? Muito !! Mas, sinto que se fizesse uma escolha única por essas duas formas de encarar a vida, seria infeliz. Considero-me, hoje, uma viajante com pé-no-chão. Ou melhor: um viajante que quer ter os pés-no-chão.

Até a próxima!

Ps: Algumas pessoas me perguntam como fui nos trabalhos. Respondo agora: Um deles já apresentei e entreguei (estou livre !!!). Acho que fui bem. Quanto ao outro, por uma série de contratempos do professor ainda não pude apresentar. Ficará então para o dia 19.05. Pior de tudo é que no dia 26.05 terei um terceiro trabalho para apresentar. Ou seja, salve-ME quem puder !!

sábado, 11 de abril de 2009

Diário de Bordo


Período de entrega e apresentação de trabalhos. A vivência, agora, é puramente intectual. (quanto pedantismo, meu Deus...rsrsrrs)

É óbvio que dou umas "fugidinhas" de vez em quando: vejo uns filmezinhos que andei baixando; ouço umas músicas; toco violão; enfim, respiro... Entretanto, dou mais importância, agora, aos papers que tenho de apresentar nos dias 22 e 28 de abril.

Um, fala de "Democracia Interna nos Partidos Políticos portugueses" a partir da análise do acórdão n. 185/03 do Tribunal Constitucional de Portugal. O outro falará do caso "Massachusetts Vs. Environmental Protection Agency (EPA)", julgado pela Suprema Corte norte-americana, e dará o enfoque na decisão do tribunal de obrigar a EPA a fiscalizar e regular as emissões de dióxido de carbono nos EUA.

Não estou nem um pouco afim de escrever sobre esses casos aqui e agora. rsrsrs. Mas, adianto que estou muito empolgado com esses trabalhos...

Muito trabalho pela frente!

Até a próxima!!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Diário de Bordo


O som é calmo e ajuda. Há tempos deixei esse blog de lado. Agora, me sinto mais a vontade a retomar a ideia dessa catarse de palavras que, algumas vezes, transcrevo aqui: registrar o meu percurso ao longo do período do meu mestrado. Em verdade, as vivências do mestrado em Portugal servem de “norte” para contar outras experiências que a ele são e serão contemporâneas. Não dá para escrever tudo. Nem se deve escrever... Além de ser excessivamente reducionista, querer colocar tudo que vivo em “post`s” é, no mínimo, chato. Sou (somos, nós) maiores do que os textos e contos que escrevemos.

Os quase 3 meses que me separaram do “Diário de Bordo” anterior foram muito intensos. Impossível para mim querer escrever sobre isso. E não falo nem escrever aqui no blog... Cada experiência que vivi nesse período, queria escrever, registrar, fazer poesia, música... Assim, para mim mesmo. Sem nenhum interesse em publicar ou publicizar nada. Enfim, “recortar” em forma de algo “palpável” aqueles sentimentos que eram só meus. De fato, não deu...

Aos poucos vou entendendo esses “brancos”. Tenho que, cada vez mais, acalmar o coração e simplesmente viver o momento. A dor, o medo, a ansiedade, a novidade, a alegria, o beijo, o “frio-na-barriga”, a saudade, nem sempre precisam ser, imediatamente, expostas em forma de registro facilmente alcançável pelos nossos sentidos mais óbvios ; nem sempre precisam ser, imediatamente, “transcritas” (falo de uma poesia,uma música, uma palavra...). Tem de ser vividas e saboreadas.

Um aparte: É necessário expor o que sentimos! É necessário compartilhar a dor, a alegria, o medo, a insegurança com os outros. Não é disso que falo. Falo, aqui, da nossa imensa capacidade em transformar o que sentimos em arte. É sobre capacidade deixar visível o invisível, que me refiro. E isso me faltou nesse período.

Espero que o dia de hoje marque o reencontro de dois velhos amigos: Eu, comigo mesmo.

Muito prazer, sou Diogo Guanabara, e gostaria de convidar você a acompanhar um pouco esta minha jornada.

Até a próxima!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Diário de Bordo



A foto que segue exposta foi tirada em dezembro de 2008, durante a viagem que fiz com alguns colegas pela Espanha.

Muito bom conhecer outro país, outra realidade, outras pessoas. De alguma maneira, isso ajuda a pertencer ainda mais a este novo momento que estou vivendo por cá. E digo que é um momento muito musicado.

Seja pela companhia infalível de um violão/amigo; seja pelo conforto que ouvir algumas musicas me traz, sinto, cada vez mais, a necessidade de silenciar e deixar ser conduzido também por uma melodia e uma letra, quer sejam de outros compositores e interpretes, quer sejam pelas minhas e de meu primo Beto (sim, de vez em quando também me arrisco a fazer umas “coisinhas”...rsrsrs).

Convido-lhes a viajar musicalmente comigo, contando com a ajuda do “youtube”, clicando nos links que abaixo selecionei.

Particularmante, falo das musicas interpretadas por Oswaldo Montenegro (essa e esta). Posso dizer que Vinícius de Moraes ecoa alto aqui em Coimbra, e que o piano de Tom Jobim me encanta gradativamente. A voz de Milton Nascimento é dos deuses em “Beatriz”. E o “Clube da Esquina” de Lô Borges me traz lembranças que estão no espírito. 14 Bis me relembra que “há um menino, há um moleque, morando sempre no meu coração”. Mas também poderia falar desta que já foi cantada por Vânia Abreu. Putz...Gonzaguinha, me convida todo dia a recomeçar; Chico retrata tão bem o "Tanto Mar" que existe entre eu e os Meus. E por ai vai...

O rol é maior que este, é claro. São tantas e tantas hão de vir ainda... mas, como disse, é momento de silenciar e deixar ser conduzido pelos acordes. Apenas eles.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Diário de Bordo



Hoje, nenhuma palavra seria suficiente. É só esta música mesmo...
Aprendamos, pois, com ela...com Beatriz...

Beatriz

(Edu Lobo/Chico Buarque)

"Olha
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura
O rosto da atriz

Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Olha
Será que ela é de louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
A casa da atriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Sim, me leva pra sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Aí, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz

Olha
Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da atriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se o arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida"

http://www.youtube.com/watch?v=ijslD3bfsbk